Ancianidade dos séculos jaz
dormitará a reles vil em uma cama morta.
Não a amei mais do que devia,
de seios nus exuberam-se sedentos,
ao horizonte a'barca rotas
canta fértil os montes a quem serviu.
Os regatos de tua juventude se acoitaram,
cerram os dentes por desejos não vindos.
E as flores líbidas não desabrocharam,
nem nas sarças silvas, há rosas sorrindo.
Por muitos anos a carne crua, se contorcia
e as maçãs de tua face nua produziam mosto.
Mas a virilidade enrijecida, se embebecia
é entregavam na o prazer de um morto.
Iracema! Porque ouriças ervas para Raul?
"Raul vem beber-me ao anoitecer!"
Talvez em suas cãs Iracema exista mais luz,
que nos segredos destas relvas rasteiras.
Se descobre crisálida, entre fracas perdeneiras
Os tempos mudaram Iracema, Raul já é cansado
solo flácido, e culpa a terra! "Acredita?"
Talvez haja uma fonte eterna e jovem o suficiente,
para que alcance vida em outros planetas.
Acredita-se que noutros mundos temos parentes (?)
Porque deste pouco nu se viu Raul,
assim como ele a deixou.
Contra ele mesmo nu se voltou.
A gravidade arrasta os corpos,
e para o alto expulsa as almas...
Porque a culpa não é dos mortos,
mas da mão contumaz que a afaga.
Vão recolher os vestígios,
os Anjos dos lírios,
é destes adubaram o juízo!
Como o velho carvalho de Tomaz (o contundente)
que se cansou as voltas de sua casa.
Se descalças fere, vermes infelizes
o caminhar das árvores não são de gente
"Me deixe cantar-te minhas raízes
carvalho valente!"
Oiça-me plantar versos,
Versos que se mudam -Versos que se mudam!
Durmas entoado ao sonhar com teu regresso
Versos calados -Versos calados!
Morreu o carvalho já velho mas não cansado...
Dizendo gorjeio soluçado o sabiá,
não sabia falar -nem soluçar -nem gorjear!
Por um prato sujo com sobras,
gargalha lágrimas de sabedoria o mendigo.
E o profeta na praça também tem fome,
quando diz esse nome
"Jesus!"
Chegará a hora que todos hão de querer-te
como amigo.
Não o profeta nem a fome
mas o conselho de um mendigo.
"E aquela luz!"
Vi a raça livre dos prisioneiros da morte,
nas paginas deixadas,
resmungos do que temiam.
E outra quantia de vivos fracos de sorte,
que sem sequer ler já se esmoreciam...
(com a alma livre manchada)
Enquanto as olivas prenhas amamentavam seus brotos,
e o trigo selvagem franzino enfrentava o sol.
E o deserto vinha, nos roubando até mesmo as lágrimas,
é sobre amor muito pouco se ouvia,
nas sombras excitantes recônditas dos lençóis.
Dentro dos úteros cavernais se ouviam ecos,
o homem temia o filho vertente da terra.
Ainda assim brindavam os néscios em seus botecos
cujo vinho espoliado tinham a idade das guerras.
E cujo desejo era amplo,
nem sequer ouviam-na febril ardente,
quando vinha ao seu encontro,
a viúva de vivos, enterrar os seus valentes.
Amontoava as escuras sob vendas o que encontrava pelo caminho,
era dia reluzido nem sequer havia nuvens no céu.
E nos montões pútridos as aves defecavam,
é agarrado a mão de aurora surgiam os cominhos,
e estes eram os maiores que se encontravam.
E nós os comíamos.
Então revolveremos a este monturo a terra,
é na culpa de nossa morte encontrarmos o Orto...
E recuperarmos as futuras primaveras
velando-nos uns aos outros.
velando-nos uns aos outros.
(Lourisvaldo Lopes da Silva)
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