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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Empatias d'um poeta



Destroços de um navio


Pelos corredores escuros d'outroras
Em claros, festivos embalos retorno
Na superfície mémoria, e na pele o arrepio
Embriaga-me lembranças d'um passado
Um mundo sem fim, q'o horizonte devora
Uma saudade q'não vivi me servem adorno
Solidão lacunas, a se perder n'ste vazio
Sou o homem do futuro voltando ao passado  

De reencontro aos agitos do mar
No colo infinito da cor azul celeste
Alvas cinzas madrugadas esbranquiçadas
...O abraço e o beijo q'não se cansa"
Na escotilha o quadro perfeito d'um luar
No clarão de velas, fraca luz alaranjada
O mar se agita em sonhos enquanto (ela se despe)
Mon bien-aimé nous naviguons les mers de France

O vinho embarrilado tem a cor de sua pele
E a ressaca do mar tem o seu mesmo ardor
Sou marinheiro a caminhar por tua orla
Quando forte com as tuas mãos me abraça
E sussurra tremores a tua voz, de sereia...
Que mar foi este, e que oceano foi aquele?
Cujos vestígios descansam nos contos d'amor?
O mar bravio tem seu ponto final e sua própria hora
O destino consome, e a historia reviva nunca farta

Posso eu caminhar entre os fantasmas suspenses
Atracados entre correntes o mar se torna frio
Quando fecho os olhos, o passado ressuscita
E o futuro navega em ilhas, q'não se convencem
Destroços são, como o pó d'uma saudade levada
Eternas lembranças em segredo enfeitam este navio    
"Posso senti-la na valsa tocada estás mais bonita"     
As provas não mais existem, mas a sensibilidade
Deste espectro obsidente 'ste poeta não mente.
Não a tive minha, mas sofri-te nesta saudade
Imaginando o amor de teu amado
me vi ajuntando pedaços de meu coração destroçado.




 (Lourisvaldo Lopes da Silva)

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