Cantigas de mim fugiram, acima
D'alma impávida cancela
Versos petizes amadurecem
O coração que ruge me espera
No corpo reles, um colosso
De dores tal se aglomera
Quando soluçam os cânticos
Nas campanas choram orquestras
Haver'às ali abraços azuis
Na maciez da fé caminha
A esmera esperança canta
As nuvens brancas são minhas
Meu paraíso dormente sofre
Na antiguidade d'meu testamento
Qual sangue cansado não grita?
Bazófias alardam meu sofrimento
Meu pai vem do ermo sol
Cujas estrelas me são irmãs
Não deixar-me-á sozinho aqui
(Um anjo me viu chorar pela manhã)
Quanta estigma, escorre em meu leito
Cuja mácula cresce embrumada
Fervente'ia patrício, petiz em fulgor
Chegar ao céu com tua escada
Cinzas empoeiradas cobrem veredas
Bebe-te até teu ultimo gole
As sobras da noite engolem auroras
A lúcida escuridão nunca dorme
Quando cessam as forças das flechas
Os arcos do céu são coloridos
Molha-te nas cores todas luzente!
Os langores feridos se refrescam
Um trovador de lua nova se aproxima
Para acercar-se da fértil moenda
Quantos versos se condensam
Quando o silencio espreita a senda
Abra bem os braços céus retumbantes
A alma é lira, desafinada anciã
O solo fecha a boca acanhado
(Um anjo me viu chorar pela manhã)
Um esqueleto oculto sustenta o corpo
Que se protege por d'trás d'um coração
Os dias vão leves aos ventos rudes
Sonhos de Morfeu, são para noites d'solidão
Minha amada, vida esbanja
As rimas de luas mortas
Por que te afagas tristes assim
D'ste céu estás as portas.
(Lourisvaldo Lopes da Silva)
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