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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016



A floresta se abria, no alto de suas copas.
Quem já sobrevoou por sobre aquele tapete felpudo
de cores verdes, inevitável negar-se-ia a tracejar
por aquelas linhas.
A sinuosidade da velha estrada de trem,
sabia se expressar com imenso respeito e desvelo,
a tudo que a cercava.
Lá embaixo embalado pelo deslizar tranquilo
de um suave sono, recusando-se a dormir, admirado
Silas seguia todo o percurso com os olhos.    
-Aonde será a próxima parada? Se indagava em silêncio
se recusando a conhecer todo o itinerário da locomotiva.
"Há um caminho novo no fim de cada espera"
(Era assim que ele se conduzia)
Tinha a sua vida, como o percurso de uma locomotiva,
(em algum lugar) Alguém desembarcava, e em outros,
sempre haveria alguns seguindo em frente.

Observando atentamente, percebeu que as paisagens em volta
estavam se tranquilizando, era o trem se preparando para parar
na próxima estação.

Uma pequena vila, com algumas dezenas de casas distantes,
e alguns poucos comércios as margens da ferrovia.
Já era crepusculado, e o cinza se misturava as cores do dia que ia
se despedindo, no fim de um canyon extenso que ao seu fundo
exibia uma dezenas de montes que mais se pareciam com réplicas 
do pequeno vilarejo. 

 Ali o maquinista anunciou;
-Como consta em nosso itinerário, aqui passaremos a noite!
-Sairemos logo ao amanhecer as 06;00 Hrs em ponto
(Sendo já anunciada a pernoite dos passageiros por ali)
As pensões e hospedarias já estavam preparadas para recebe-los.

Parte dos passageiros viajam a negócio, e outra parte estavam ali a turismo.
Silas se dedicava aos dois, nunca considerara que o trabalho, poderia
ter esse direito de ocupa-lo a tal ponto, que não pudesse se divertir
sempre que fosse possível.

Como foi naquela noite!

Quem poderia se recusar, o caminhar pelas curtas ruelas
que contornavam as pequenas praças daquela vila.
Assim ele fez, logo após se hospedar em uma das pensões
próximas a linha férrea.

Como se este fosse um total desconhecido do que é amar,
saiu pelo ermo de uma recusa solidão. A esta cuja nunca se entregara
por dizer-se dono do próprio coração.

Após passar em um pequeno lanche, seguiu em direção
a ultima praça que seus olhos conseguia enxergar.
Mesmo ao longe discerniu uma silhueta calma,
de uma mulher que estava sozinha.


Quando se aproximou, notou que a distancia seria um problema para ele.
Dela escorria pelo corpo o longos cabelos como se estes, brotassem sem parar.
E na altura de sua cintura eles misteriosamente desapareciam, mas o brilho
da lua refletia-se neles, como se fosse refletida por uma cachoeira.   

"Logo ao se apresentar, a mulher retribuía-lhe, dizendo seu nome."

-Erika!   

Como se juntos embarcassem no mesmo trem, a noite ia passando
diante de seus olhos.
Silas, calado se indagava;
...(Nunca antes poderia eu adivinhar,
que no meio de um caminho, eu sentiria tamanha vontade de parar!)

Cada silencio que brilhava em seus olhares,
foi como se ouvissem, ali mesmos na mesma poltrona, as pessoas dizendo;
-Nunca vimos lugar tão bonito quanto esse!!!

E foi bem nessa hora, que ambos desistiram de seguir em frente,
e desembarcaram de seus sonhos e fantasias, para viverem
assim. Eternos passageiros que se encontram infinitas vezes
pelo mesmo caminho.

Erika seguiria viagem com ele, no outro dia pela manhã.
Logo que se despediram entre juras de não mais se separarem.
Silas foi a hospedaria buscar suas bagagens, estava marcado
para encontra-la naquela praça, para juntos irem a estação.

Enquanto a aguardava preparou-lhe um lindo bouquet,
das flores colhidas em um dos canteiros da praça.

Mas passavam-se as horas, e ela não aparecia.
Logo ouviu o sino do trem anunciando a partida,
e havia tristeza em sua melodia.
Tristeza que desmanchava em vultos, a pequena vila
deixada para trás.

Sempre que podia, fazia o mesmo trajeto,
para ver se a encontrava novamente.
Mas ninguém ali, a conhecia.
Ainda assim ele insistia, e por todos os lugares a procurava.

Logo todos o conheceram como o triste passageiro,
que se perdeu pela ferrovia. 

Fim.




(Lourisvaldo Lopes da Silva)

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